Introdução:
Havia uma história muito popular no acampamento em que eu vivi minha adolescência. Não lembro o motivo dessa popularidade (talvez fosse pelo fato de que o livro era enorme, com 14,542 páginas e provavelmente mais grosso que 3 listas telefônicas empilhadas),somente lembro que era bem popular. Fui um dos poucos a conseguir terminar de ler o livro na época e me apaixonei pela história. Para deixar mais acessível retirei um pouco do conteúdo que não adicionava nada a narrativa. Apresento a vocês então:
A infinita comédia (resumida para aqueles sem paciência) Um livro por Ulisses Sobrenomeinpronunciávelh e editado por mim, Geraldo Tok.
Capítulo 1:
Um homem aparece sentado no chão de um bar. Ele olha para os lados ansiosamente como se estivesse procurando algo. Uma das garçonetes se aproxima dele.
- Senhor. Senhor?
- ah- AH SIM! OI!
- Está tudo bem? Precisa de algo?
- sim sim eu, eu preciso….. Preciso saber uma coisa - Disse o homem olhando para o chão.
- E o que seria?
- Esse é o….Bar Imortal? No Nível pt-42? Sabe, aquele que é deletado da existência a cada 2 minutos? E que depois volta a existir como se nada tivesse acontecido? - Disse o homem, gesticulando as mãos na frente de seu rosto.
- Temo que sim, senhor.
- Então me diga, quanto tempo eu ainda tenho?? - O homem se levantou e segurou o rosto da garçonete.
- eh….58 s-segundos - Disse a garçonete, confusa e assustada com o modo de agir do homem.
- OKAY! OKAY! TENHO POUCO TEMPO, TENHO QUE FAZER ISSO RÁPIDO!
O homem olha em volta, indeciso, e então corre até uma das mesas. A mesa em questão era a número 52, ocupada por um homem idoso e sua família.
- Oi gente. Olha, desculpe me intrometer, mas tenho que dizer algo.
- Senhor, peço educadamente que saia de nossa mesa.
- NÃO NÃO, ESTOU FALANDO SÉRIO, VAI SER BEM RÁPIDO- O velho então o interrompe.
- Senhor, tenho medo que terei que pedir para você se retirar com força - disse o idoso, se levantando da cadeira.
- CALMA CALMA, EU JURO QUE É RÁPIDO! Errr errr, vocês já ouviram a piada do viajante e do Sorridente?? - Disse o homem com um tom de ansiedade.
- Senhor, não tenho tempo para suas piadas.
- É RAPINHO! onde eu estava, onde eu estava…. AH É! A piada é mais ou menos assi-
O homem sente uma mão em seu ombro, ele olha para trás e vê a garçonete de antes, Com um sorriso no rosto, ela fala:
- Temo que nosso tempo tenha acabado, espero que lembre da piada quando todos inevitavelmente voltarmos por causa de como viagens no tempo funcionam.
- NÃO NÃO NÃO, NÃO PODE SER.
- MUITO OBRIGADA A TODOS POR VIREM, VEJO VOCÊS EM 25 SEGUNDOS!
- ESPERA EU VI AQUI SÓ PARA CONTAR-
Fora do bar, tudo que se escutava eram tics de relógio e logo depois, o som de um bar desaparecendo da existência (é algo como o barulho que o ar faz quando se pisa em um colchão inflável com a válvula aberta). E então, escuridão.
Capítulo 3:
1: Quando o reinicio acontece, as pessoas no bar somente tem memórias do que fizeram antes de entrar lá. Este efeito, porém, não afeta a equipe de funcionários.
Um homem aparece em pé no meio de um bar. Ele olha para os lados e respira fundo, como se estivesse procurando se acalmar. Uma das garçonetes se aproxima dele.
- Senhor, seja bem-vindo ao Bar Imortal! Você tem aproximadamente 1 minuto e 45 segundos antes do inevitável fim e reinício de nossas vidas acontecerem. Gostaria de pedir algo?
- ah- ah sim, na verdade não, só vim aqui fazer uma coisa.
- Está tudo bem? Precisa de algo?.
- Sim sim, eu só vim aqui contar uma piada sabe, eu sou comediante.
- Sério? E você faz bastante sucesso no Nível do qual vem?.
- Faço um sucesso moderado hahahaha, mas vim aqui testar uma piada nova.
- Somente uma?.
- É, acho que ela pode ser muito ruim, então se ninguém achar graça pelo menos ninguém vai lembrar dela, já que, você sabe, vamos sumir daqui a pouco e perder nossas memórias,
- Entendo.
- Então me diga, quanto tempo ainda temos?
- exatamente 4 segundos.
- MAS QUE DR-
E novamente, o homem falha em contar sua piada. Tics são ouvidos e o bar desaparece da existência.
Capítulo 4:
Um homem aparece em pé no canto de um bar. Ele corre em direção a uma mesa, mas derruba uma garçonete no processo.
-Ei, olha por onde anda seu lunático!
-DESCULPA DESCULPA! APENAS ME DIGA, QUANTO TEMPO AINDA TEMOS? - Disse ele desesperado, enquanto ajudava a moça a se levantar.
- Aff, 1 minuto e 34 segundos
- CERTO, MUUUITO OBRIGADO, E ME DESCULPA MESMO - Disse o homem enquanto corria até a mesa de número 34.
Ele freia um pouco antes de chegar à mesa, arruma suas roupas, e caminha até a mesa. A mesa estava ocupada por aranhas, provavelmente em sua pausa do almoço
- Boa tarde senhores, se importariam se eu me junta-se a vocês? - Disse o homem em um tom elegante.
- Sinta-se a vontade. - Disse uma das aranhas
- Muito obrigado. Então, querem ouvir uma piada?
- Manda aí.
- Okay, seguinte, um viajante estava andando pelo nível pt-5 quando- De repente, o homem sentiu uma pata de aranha em seu ombro.
- Olá, vocês estão contando piadas? Eu adoro piadas! Já ouviram a do Ladrão-de-peles sem pernas? - Disse a aranha, enquanto puxava uma cadeira para si.
- Ei, espere um pouco, eu já estava contando uma pia-
- ELA É MAIS OU MENOS ASSIM, um viajante-
- Oi pessoal, muito obrigada por virem! Infelizmente, nosso dois minutos já acabaram, nos vemos daqui 25 segundos! - Disse a garçonete.
- SEU FILHO DA PU-
É, parece que não foi dessa vez, e nem nas últimas 3. Mas acho que ele não percebeu isso, já que, há esse ponto, já havia sumido da existência.
Capítulo 34:
3: Depois de um certo numero de reinícios, mudanças mais drásticas começam a acontecer nas pessoas dentro do bar e seu ambiente. É claro, isso não afeta os funcionários. Exceto em ocasiões especiais, como a quinta-feira das castanhas.
Um homem aparece de ponta cabeça no fundo de um bar. Ele se vira, respira fundo, e corre em direção à mesa de número 24. No caminho, ele encontra uma garçonete, mas completamente a ignora.
-Olá, bem-vindo ao Bar Imo-
- DESCULPA NÃO TENHO TEMPO PARA ISSO!
Ele então chega na mesa 24, mas correu tão rápido que não conseguiu parar e atravessou as frágeis paredes de madeira do bar, assim caindo no abismo infinito que é o Nível pt-42.
E lá ele ficou, por 1 minuto e 45 segundos, até alguém o pescar com uma corda e começar a puxa-lo de volta para o bar. Mas no momento que conseguiu botar um pé lá dentro o bar sumiu da existência.
Capítulo 97:
5: Se você sair do bar antes do reinicio, poderá manter suas memórias de lá de dentro.
Um homem aparece deitado horizontalmente no chão de um bar. Ele se levanta, anda até uma garçonete e então a cutuca no ombro.
- Pois não?
- Oi, err, quanto tempo temos?
- 1 minuto eeeee…. 23 segundos.
- Okay, obrigado. - Diz o homem em um tom cansado.
- Senhor, está tudo bem? Se o conhecimento de que você deixará de existir foi demais para o senhor, temos quartos no andar de cima que não afetam sua memória ou existência, poderá descansar bem e controlar suas ansiedades.
- Não não, eu estou bem. Só preciso…. Só preciso encontrar uma mesa para me sentar.
- Tuuudo bem! me acompanhe por gentileza.
A garçonete então leva o homem até a mesa número 15, ocupada por um ser formado completamente por formas geométrica e com uma voz feminina.
- Olá, - Disse a garçonete - Sera que este cavalheiro poderia sentar com a senhora?
- Não vejo problema algum - Disse o ser geométrico.
- Muito bem. Agora, se me derem licença, temos somente 45 segundos então retornarei ao meu trabalho.
- Tudo bem. - Disse o ser geométrico. Ela então olhou para o homem a sua frente - Meu nome é Aya kh'shyreh, qual seria seu nome, rapaz?
- Ah, meu nome é Felipe.
- Muito prazer em te conhecer Felipe. O que te trás aqui?
- O que me trás aqui?…. Ah, sim. Gostaria de ouvir uma piada senhorita…….
- Pode me chamar só de Aya.
- Muito bem, quer ouvir uma piada Aya?
- Claro.
- Okay, um viajante estava andando pelo Nível pt-5 quando ouviu um barulho-
- Muito Obrigada por comparecerem! Infelizmente iremos reiniciar em 15 segundos. Aos que quiserem manter suas memórias, recomendamos que se retirem agora e voltem algum outro dia. Novamente, agradeço. - Disse uma garçonete.
- Ah droga…..Desculpa por ter gastado seu tempo. - Disse o homem decepcionado.
- Não se preocupe. Olha, eu vou sair agora mas, aqui, pega o meu número e me conta a piada mais tarde. - Disse ela, entregando um pedaço de papel ao homem. - Adeus
- Adeus.
Novamente, não foi dessa vez, pelo menos ele conheceu alguém interessante. É claro, ele não lembrará dela, mas ao encontrar o número em seu bolso, talvez ligue só por curiosidade. Mas por enquanto, o homem não existirá até os próximos 25 segundos.
Capítulos 124:
Um homem abre os olhos e não vê nada a sua volta além de escuridão, ele sente um vento batendo em seus sapatos. Depois de, provavelmente um minuto e poucos segundos, ele percebe que está caindo, pois ao olhar para baixo, vê pontos coloridos ficando cada vez mais próximos. Os pontos se tornam bolas, e começam a se multiplicar, e então o homem estúpido percebe que as bolas são na verdade balões. O homem atravessa contudo pelos balões e é recebido pelo adorável senhor Teto de Madeira. Ao atravessar o teto de madeira, ele vê rapidamente o que parece ser um bar. Ele escuta, por um breve período de tempo, alguém falar.
- 15 segundo-
E, ao encostar no chão de madeira, ele percebe que o chão de madeira não está lá, pois ele nunca existiu. Porém o homem também nunca existiu, pois tudo naquele vazio havia sumido da existência.
Capítulo 125:
Um homem abre os olhos e não vê nada a sua volta além de escuridão, ele sente um vento batendo em seus cabelos. Depois de, provavelmente um minuto e poucos segundos, ele percebe que está subindo, pois ao olhar para cima, vê um ponto marrom ficando cada vez mais próximo. O ponto se torna um retângulo, aumenta de tamanho gradualmente, e então o homem estúpido percebe que o retângulo é, na verdade, o malvado senhor Piso de Madeira. O homem atravessa contudo pelo o piso de madeira, e vê rapidamente o que parece ser um bar. Ele escuta, por um breve período de tempo, alguém falar.
- 15 segundo-
E, ao bater a cabeça no teto de madeira, ele percebe que o teto de madeira não está lá, pois ele nunca existiu. Porém o homem também nunca existiu, pois tudo naquele vazio havia sumido da existência novamente.
Capítulo 126:
Era um período de tempo tranquilo naquele bar, nada de incomum acontecendo. Pessoas bebendo e curtindo seus últimos 35 segundos de existência. Tudo estava normal, com exceção de que, depois de 20 segundos, algo atravessou a parede do fundo do bar com uma velocidade absurda.
- Olá Olá, queria agradece- AH O QUE FOI ISSO?! - Gritou a garçonete.
O objeto cruzou a sala em 1 segundo e então bateu na parede da frente. O objeto pelo visto, erá só um homem que, misteriosamente, havia vindo do vazio. Mas nada disso importava mais, pois 14 segundos depois, nada daquilo sequer existiu.
Capítulo 345:
Uma castanha aparece em pé na parte esquerda de um bar. Como castanhas não podem se mexer, esta castanha aproveitou sua imobilidade eterna para ter seu primeiro pensamento.
- Ah! Quem sou eu? Onde estou? - Pensou a castanha.
- O que significa perguntar quem sou eu? Ou onde estou?
- Calma, calma, vamos ver… ah! Que sensação é essa em meu corpo? Está ficando mais forte. E que barulho é esse passando pelos meus ouvidos? Acho que vou chama-lo de vento! Será que é um bom nome? Deixa para lá, outro dia eu descubro para que ele serve, ou se vento é realmente um bom nome. E, nossa, o que é essa coisa se aproximando de mim tão rapidamente? Tão grande e plana, tão… tão… Nem sei o que dizer, mas isto merece um nome forte, de grande impacto…. isso, irei chama-la de piso!
E o impacto foi grande mesmo, pois antes de perceber, a castanha havia caído no tal "piso". E, como não podia se mover, ficou destinada a permanecer caída no piso, deitada eternamente. E nem as outras castanhas podiam ajuda-la a se levantar, pois não tinham braços, ou podiam se mover. Se você esperava um final feliz em que todas as castanhas saíssem por aí, saltitando em uma estradinha dourada, caramba…. Você é insano? São castanhas, elas não tem sentimentos ou podem se mover.
Capítulo 14,540:
Um homem de repente aparece sentado em uma cadeira de um bar, que obviamente ficava próxima a uma mesa, a mesa de número 42. Estranhamente, esta era a única mesa vazia, o que obviamente chamava bastante atenção, como uma de forma de Deus dizer "Olhem só para este perdedor sentando sozinho em um bar hahahahaha". Não demorou muito até uma garçonete se aproximar da mesa.
- Olá senhor, gostaria de alguma….coisa…. - Ela para, olhando em choque para o homem a sua frente. A sua cara dizia tudo, tudo pelo que passou, e quantas vezes já havia passado. Tudo nele gritava "fique longe", mas mesmo assim ela perguntou novamente - Gostaria de algo?
O homem encara a madeira da mesa por um bom tempo, como se tivesse perdido em seus próprios pensamentos, ou se estivesse prestes a exclamar "é, é uma bela mesa". Mas com certeza a mesa pouco importava a ele, provavelmente se tratava de outra coisa, talvez seus pensamentos mesmo? Ele levanta um pouco a cabeça - Ah…….cerveja.
Claramente um erro da parte dele, porque pedir uma cerveja no Bar Imortal é sinal de que algo não está certo. Quem em sã consciência pediria uma cerveja, uma bebida tão comumente pedida, quando se está a dois minutos da inexistência de seu ser? E, por causa do código do Bar Imortal, quando uma situação assim acontece, o funcionário só deve fazer uma coisa com o cliente.
-Venha comigo, agora. - Disse a garçonete, segurando o homem pelo braço.
O homem relutantemente se levanta e a segue, não é como se ele tivesse outras opções. Afinal, daqui alguns segundos nem opções existiriam. Ela o leva para segundo andar, uma área desconhecida a ele. Era um corredor pequeno, com 7 portas. A garçonete abre a primeira porta e o empurra para dentro de o que parece ser um pequeno quarto, ela então fecha a porta.
- Desculpe senhor, regras do estabelecimento, você terá que ficar aqui até o próximo ciclo - Diz ela enquanto tranca a porta e vai embora.
O homem porém, nada responde, apenas fica parado encarando o carpete verde-claro envelhecido que cobria o chão do comodo. Ele começa a caminhar em frente, mas tropeça na cama e cai em cima dela como um dominó, ou uma alavanca muito depressiva. Ele fica deitado, sem reação alguma. Ele poderia estar pensando em algo, tipo a mesa, mas no entanto, naquele momento o homem em nada pensava. E ficou assim por algum tempo, até ouvir tics de relógio. Ele vagamente reconhece esse som, não sabe onde escutou aquilo antes (provavelmente em um relógio) mas aqueles tics eram diferentes. O homem fica de joelhos na cama e espia pela janela acima da cama. Em um momento ele vê apenas o imenso vazio do qual é composto o Nível pt-42, mas depois de um segundo, ele não via mais o vazio, e sim o nada. O nada não é uma imensidão de cor preta como os jovens costumam dizer, o nada é algo completamente diferente, justamente por não ser algo. Você não vê coisa alguma, pois ver coisa alguma seria ver alguma coisa, e o nada é não é algo, ou coisa. O nada não é um conceito tangível pelo simples fato de não ser um conceito, pois o nada é, como o próprio nome diz, nada. E é nesse momento, perdido naquele nada, que Felipe finalmente pensa, e seu pensamento foi "Qual era meu objetivo aqui mesmo?". Ele cai na cama, e enquanto tenta lembrar de seus motivos, ele adormece.
Capítulo 14,541:
O homem se levanta, confuso. Pela primeira vez ele sente que tem uma lembrança nova. Mal sabe ele que este sentimento está correto, já que todas suas memórias de ciclos passados nunca existiram. Ele bate na porta, e ela se abre sozinha. O homem desce as escadas e nada havia mudado demais, apenas algumas pessoas novas e mesas vazias. Ele anda até uma mesa e se senta. Mas ao fazer isso ele sente uma dor horrível, não física, mas uma dor conceitual. Aquela mesa o trazia solidão, como se tivesse perdido algo importante ali, algo que nunca poderia conseguir de volta. Ele olha o numero da mesa e vê o número 15 estampado nela. O homem toca em seu rosto e sente algo molhado, lágrimas. Ele se levanta assustado e recua, caindo no chão no processo. Ele então se encolhe, e começa a chorar em posição fetal, urrando como um animal. Todos olham para a cena assustados sem entender o que estava acontecendo, mas alguém se aproxima dele.
- Ei, vem comigo lá pra fora, você tem que tomar um ar, no sentido figurado, já que lá fora não existe algo como ar - O homem olha na direção da voz e vê outro homem, alto, usando um chapéu e uma roupa bem antiquada, porém estilosa em algum sentido. O homem se levanta, tremendo, e fala - Tudo bem.
O outro homem o leva até a porta, e ambos saem, fechando a porta atrás deles. Os dois sentam no deck a frente do bar.
-Ei, aconteceu algo cara? Tipo, cê' quebrou feio lá dentro.
O homem exita por um tempo, e então torna a chorar.
-EU NÃO SEI! ESTÁ BEM?! EU NÃO SEI….. eu, eu só, nem sei mais o que eu to fazendo aqui, é como se estivesse aqui a muito tempo, só CORRENDO atrás de mim mesmo, perseguindo um objetivo besta! Um objetivo cujo eu TAMBÉM NÃO ME LEMBRO! Eu perdi tanto coisa, e eu não lembro de nada disso, mas a porcaria do meu cérebro não me deixa esquecer a sensação, a sensação desse MALDITO VAZIO! EU SEI QUE PERDI MUITA COISA AQUI, MAS OQUE?! O QUE FOI QUE EU PERDI?!
- Ei ei, se acalma, acho que sei o que aconteceu.
- Então me fala, POR FAVOR ME FALA!
- Ta' bem, calma, vou explicar. Olha talvez você tenha ficado tempo demais no bar.
- Como assim? Eu só consigo lembrar de entrado aqui, ido dormir e do que aconteceu agora.
- Então, essa é a parte ruim, você ficou no bar. Quando o bar reinicia, ele apaga suas memórias de ciclos anteriores entende? Essa sensação de ter perdido algo é porque você realmente perdeu algo, só não lembra porque teve seus memórias reiniciadas.
O homem para de chorar, e olha para o vazio, ele então começa a rir.
- EU LEMBREI HAHAAHAHAH! EU LEMBREI O QUE EU VIM FAZER AQUI!
- E o que foi?
- Eu, eu vim aqui só para contar uma piada sabe, uma piada muito ruim que inventei. Pensei, já que o bar se reinicia, ninguém lembraria dela se não achassem graça. E eu estraguei tudo! ESTRAGUEI TUDO POR CAUSA DE UMA MÍSERA PIADA RUIM!
- É cara, você arriscou tudo por nada. Bem, mas porque você tá' tão' preocupado se as pessoas vão achar graça? Não se importe com isso, o que rolar rolou entende? Não racha a cabeça pensando no futuro xará', viva o presente.
- É, talvez você esteja certo - O homem se levanta e olha para o outro homem - Desculpa, qual é o seu nome?
O outro homem se levanta - Jacques.
Felipe pode não ter conseguido contar a sua piada, mas pelo menos aprendeu algo melhor do que seu humor de velho. Bem, isso foi importante, mas agora de nada importava, pois nem seu humor ou a lição que aprendeu existiam mais.
Capítulo 14,542: "Até mais, e obrigado pelos nadas!"
Um homem aparece em pé, de costas para porta de um bar, ele pensa em dar um passo a frente, talvez sentar em uma mesa, mas exita. Ele olha ao redor, vendo todas aquelas pessoas rindo, e decide não atrapalhar a ordem, deixar tudo como está. O homem se vira para abrir a porta e ir embora, mas lembra de um detalhe interessante, aquela não é a saída. Uma coisa que poucos sabem sobre o Nível pt-42 é da sua saída não convencional. Na verdade, este fato fez ele ser ranqueado como um dos piores Níveis na revista semanal "Tudo sobre Backrooms, Entidades e como cuidar vasos de petúnias". E que saída seria essa? Nada mais e nada menos do que a descarga. Sim, para sair do Nível pt-42 é necessário que o viajante suba na única privada do Nível e se dê descarga. E foi justamente isso que Felipe fez. Ele foi em direção ao banheiro e escancarou a porta. Olhou com confiança para o objeto de porcelana a sua frente. Ele botou o pé esquerdo dentro primeiro, é importante que faça nessa ordem, pois se não, é visto como falta de educação para os funcionários do bar, e então o direito. E com perseverança, puxou a corda da descarga.
Ele abriu os olhos, e viu-se em um lugar familiar, isto é porque ele estava deitado na banheira de seu apartamento, no Nível pt-31, e logo depois exclamou "Conveniente!". Ele sai da banheira, completamente encharcado e checa os bolsos para ver se não molhou nada de importante, como um pedaço de pão que um estaria guardando para depois. Ele puxa tudo de dentro e só encontra moedas e um pedaço de papel dobrado. Ele bota tudo na mesa de sua sala e vai trocar suas roupas. Agora completamente seco, ele se senta no sofá e abre o pedaço de papel, e nele, mesmo que borrado, consegue ver um número de telefone escrito. Ele pega seu telefone e disca um número, estranhamente a pessoa do outro lado atende quase que automaticamente.
-Alô? - Diz uma voz feminina
- Oi….
- Ah, é você, como está Felipe?
Quem era a voz? porque lhe era tão familiar? E como sabia seu nome? Felipe ignorou todos esses pensamentos e apenas disse - Estou bem……ei.
- Sim?
- Err…. Quer ouvir uma piada?
Posfácio:
Acho que devo começar essa parte pedindo desculpas. Por causa de limites impostos pelo meu editor (fala sério, um limite de 50 páginas!), tive que infelizmente cortar partes memoráveis da história original. Os fãs mais assíduos deve ter percebido a ausência do icônico capítulo 897, o popularmente chamado "Capítulo da Lontra", como já disse, tive um limite de páginas bem curto, então acabei, contra minha vontade, cortando muitos capítulos. Mas nada disso importa, afinal, este livro não é para os fãs, e sim para os sem paciência, e os sem paciência não se importam com capítulos cortados. Então, se você for um fã da história original, mande uma carta para mim que eu lhe dou um reembolso completo (novamente me desculpem, tentei o meu melhor). Agora voltando ao livro, ele originalmente foi publicado diariamente em um jornal sobre o título "O comediante que demorou 14,542 tentativas e 29,084 minutos (487,7 horas) para contar uma piada." (Sobrenomeinpronunciávelh era famoso por muitas coisas, mas títulos bons não eram uma delas), e após terminar sua publicação no jornal, ganhou um volume massivo compilando todos os capítulos. E foi na época do lançamento do livro que Ulisses foi duramente criticado pela repetição da história (O livro original fica 30 capítulos somente repetindo o capítulo um, com minímas mudanças, como o número da mesa), pelo modo que ele jogava informações na cara dos leitores através daquelas notas no início dos capítulos, e pelo fato de somente um capítulo ter título próprio, assim fazendo ele se destacar do restante. Mas com o passar do tempo, "A Infinita Comédia" ( Nome sobre o qual foi publicado o volume) ganhou um sucesso cult com adolescentes, e eu fui um desses. Curiosamente, Ulisses nunca viu sua história ser publicada como um livro, pois morreu uma semana antes disso acontecer. Suas últimas palavras foram "EU NUNCA VOU MORRER, NEM MESMO ESSA CASTANHA REPRESENTA UM PERIGO PARA MIM!", minutos depois ele morreu engasgado com a mesma castanha, acho que ela queria muito provar o contrário. Aos que leem isso, e tiverem um pingo de paciência, recomendo lerem o livro original. Ele pode assustar um pouco pelo seu tamanho, mas acredito que valha a pena. "A Infinita Comédia" marcou minha vida, e espero que continue marcando a vida de várias outras pessoas que, infelizmente, se encontram nas Backrooms.
~Assinado: Geraldo Tok, Filho do infame Mark "O escritor Maldito" Tok.
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