O Cavaleiro Vermelho

Entidade 1. Fotografia tirada por Emilie Langermann, após seu resgate.

Entidade Numero: 1

Habitat - Todos

Descrição

O Cavaleiro Vermelho é conhecido por quase todos nos Backrooms. Se você não o encontrou pessoalmente, já deve ter ouvido falar dele por alguém que encontrou. Estou registrando aqui o que sei e o que descobri através de outras pessoas neste documento, mais por uma questão de posteridade e respeito do que por uma pesquisa real - mas infelizmente, não há muito o que escrever.

Você vai reconhecer o Cavaleiro Vermelho se o vir, porque ele é um maldito cavaleiro. Não se vê muitos desses por aqui. Pelo que consigo me lembrar da Wikipédia, ele está equipado com uma armadura adequada para o final do século XVI, mas não tenho certeza se isso significa alguma coisa. Ele tem uma espada grande demais para ser usada no quadril, então ele costuma carregá-la sobre o ombro. Às vezes ele tem um escudo, às vezes não. Ele usa uma capa vermelha com acabamento em ouro, o que é ótimo para visibilidade, felizmente para nós. Tudo isso está em boas condições, mas dá para perceber que é antigo. A armadura tem algumas amassaduras e a capa está esfarrapada na ponta.

Ele tem altura e porte físico médios. Se não fosse pela vestimenta, você provavelmente não o notaria. Mas espero que você o note se ele estiver por perto, especialmente se você estiver perdido. Ou encurralado. Considerando quanto tempo esse cara existe e o quanto ele dá surras, não há como ele ser humano. Talvez até seja errado chamá-lo de "ele" afinal, mas não me importo, ele soou masculino quando falou comigo. Provavelmente você está lendo isso porque ele pode cortar monstros ao meio com um único golpe de sua lâmina e toda essa coisa… mágica. Não temos certeza de como isso funciona, mas, francamente, não temos certeza de nada, não é mesmo.

Comportamentos

Uma memória fornecida por Lorenzo, o Ferreiro

Um ar familiar entra nos pulmões de um homem.

Ele não se lembra de sua respiração anterior. Ele sabe que está velho, mas não tão velho a ponto de a corrente da memória romper seus limites. Ainda não.

O homem levanta-se do chão. Ele se lembra de ter se deitado. Cansado, depois de seu décimo quarto milésimo dia na oficina. Um homem pode não se lembrar de cada um desses quatorze mil dias, ou até mesmo do número em si, mas ele se lembrará de quarenta anos. Quarenta anos de metal, graxa e amor. Ele tem músculos poderosos para um homem de sua idade. Ele tem um coração ruim, mas é um segredo.

O equilíbrio retorna às suas pernas. Ele verifica seu corpo - um reflexo dos poucos anos que passou como guerreiro. Sem danos. Cabeça clara.

Seu cérebro de lutador foi dispensado honrosamente e está tão aposentado quanto o restante dele deveria estar, mas ainda tem força de vontade. Diz-lhe que seu ambiente é desconhecido e que ele deve verificá-lo em seguida. Então ele o faz. Um espaço escuro - fragmentado por lanças de luz lançadas entre tábuas da janela. Um carpete antigo. Sem móveis. Uma casa, então - grande e vazia.

Grande e vazia.

Nada se movendo, exceto ele.

O ferreiro se pergunta como isso poderia ser um sonho. Ele se lembra de ter deitado na cama, beijando sua esposa. Ele nunca teve o hábito de usar qualquer coisa além de roupa íntima para dormir, mas ele está vestido completamente, com suas roupas de trabalho. Local desconhecido, nenhuma lembrança de como chegou lá, roupas erradas. Parece um sonho. Mas…

Não parece um.

É verdade que um homem raramente consegue perceber que está sonhando quando está sonhando. Um talento raro. Alguma peculiaridade do sal e da eletricidade que ele nunca alcançou. Mas ele já sonhou no passado, e isso não se parece com aqueles sonhos. Não há névoa. Nenhuma desconexão fundamental, nenhuma efemeridade de seu entorno, ações e identidade. Isso não poderia ser um sonho.

Ele belisca a si mesmo, quase por senso de ironia, e dói.

Isso resolve a questão, então.

Restam apenas duas opções daqui. Explorar a casa ou sair.

Não há ninguém por perto. E ele não está sendo mantido prisioneiro - embora, em um lugar desconhecido, sem seu coldre no ombro ou seu celular, ele poderia muito bem estar. Ele pensa que a coisa sensata a fazer é sair e tentar descobrir onde está. Pelo menos é de dia.

Ele coloca a mão na porta, e ela se abre sem fazer barulho.

O ferreiro olha para uma cidade que ele se lembra, mesmo que não se lembre dela.

O sol está brilhante e ilumina uma rua que não está movimentada. De sua posição no pátio da frente, ele pode ver uma farmácia, uma banca de jornal, uma açougue, uma sorveteria, uma loja de ferragens. É como olhar para uma antiga fotografia Polaroid que começa a se mover. O vento nas árvores e a alegre jukebox do interior da sorveteria fluem por toda a distância e se movimentam em seus ouvidos. Não há ninguém por perto.

Ele conhece esse lugar, mesmo sem conhecer. Ele imagina que visitou aqui quando era criança, meio século atrás. Ou talvez tenha morado aqui por um curto período, um ano ou menos. Ou mais. É difícil recordar. Ele sabe que conhece, apesar do fato inegável de nunca ter estado aqui.

Sua pele sente que está quente aqui. Sua mente sente que está seguro, mesmo que seu cérebro não pense assim.

O mecânico desce da varanda, cuidando de seu joelho machucado. Na calçada, ele olha para a esquerda e para a direita, ao longo da rua. Mais prédios em ambas as direções. É tudo plano - sem colinas ou variações no terreno. Nenhuma montanha ou característica no horizonte, ou nenhuma que se eleve o suficiente acima dos telhados de um andar para ser visível. A placa diz "RUA PRINCIPAL", mas parece mais uma sugestão do que um nome - não há carros.

Uma voz à sua direita diz: "Bem-vindo de volta, Lorenzo."

O velho quase pula de susto. Há outro homem parado perto dele na calçada. Mais jovem, talvez na casa dos trinta. Branco. Camisa e calças limpas. Sorrindo. Como ele conseguiu se aproximar tão silenciosamente? Sua audição deve ter diminuído mais do que ele pensava.

O homem não tem nenhum traço facial, mas isso não faz diferença para Lorenzo. Ele sabe que já viu esse homem em algum lugar, há muito tempo. Imediatamente familiar. Talvez um amigo do pai, um colega de trabalho? Costumava vir à casa e jantar às vezes? Lorenzo consegue praticamente sentir o cheiro dos tamales com apenas um olhar, da maneira perfeita que a mãe os fazia. Mas… não. Não é isso. Esse homem tem metade da idade de Lorenzo. Deve ser outra coisa.

"Faz muito tempo, não é?"

O homem estende a mão. Lorenzo aperta - não há motivo para ser rude. As palmas do estranho estão tão secas quanto madeira de caixão.

Sem ter certeza de si mesmo, Lorenzo responde: "Sim, realmente faz tempo. Desculpe, você terá que me refrescar a memória, senhor…?"

"▓▓▓▓▓▓. É ▓▓▓▓▓▓. Não posso culpá-lo por não se lembrar, faz séculos. Embora, de certa forma, aposto que parece que foi ontem, não é?"

Lorenzo concorda com a cabeça, ainda sem estar totalmente presente. "Mais ou menos. Só que eu não consigo, uh…" Ele não tem certeza de como expressar isso.

"Não consegue se lembrar de como chegou aqui? Tudo bem, Lorenzo. Há muitas outras coisas para se lembrar em vez disso. Como, lembra da velha Sra. ▓▓▓▓▓▓▓? Como você e o pequeno ▓▓▓▓▓ jogaram acidentalmente a bola pela janela dela, como ela ficou brava? E seu pai fez vocês dois irem pedir desculpas. Mas ela se sentiu tão mal por ter gritado que deu a vocês uma fatia de torta de maçã mesmo assim."

Lorenzo não se lembrava disso de jeito nenhum, mas era uma lembrança muito querida para ele. As travessuras da juventude. Se meter em confusão. Os bons e velhos tempos. Você não precisava de um Xbox, ou da maldita Internet. Você só precisava de um amigo e uma bola. Isso era suficiente.

"Sim. E todos eles ainda estão aqui, Lorenzo. Eles nunca partiram. Tínhamos a sensação de que você voltaria um dia."

▓▓▓▓▓▓ acena com o braço. Lorenzo olha para trás, de volta para a rua. Agora há dezenas de pessoas. Nenhuma delas tem rostos, mas ele reconhece cada uma delas, dos dias ensolarados e açucarados de sua infância. A velha Sra. ▓▓▓▓▓▓▓ com seu vestido azul-celeste. Seu amigo, o pequeno ▓▓▓▓▓, ainda com onze anos e aquele brilho nos olhos, pronto para pescar ou subir em uma árvore ou qualquer coisa, a qualquer momento. Lorenzo não tem medo de que eles tenham aparecido do nada, ou que ele nunca tenha visto nenhum deles em sua vida, ou que ele tenha crescido em Michoacán, e não na América. Por que ele teria medo?

Ele está em casa.

Ele se vira novamente, o coração cheio de alegria, para olhar nos olhos que ▓▓▓▓▓▓ não possui. Lorenzo sorri.

"É bom estar de volta."

A multidão de seres dá um passo em sua direção, simultaneamente. Quarenta e seis pés pousam no asfalto no mesmo instante, em algum sinal invisível. Lorenzo fica feliz em ver todos os seus velhos amigos e entes queridos novamente.

▓▓▓▓▓▓ congela e inclina a cabeça, momentos antes de devorar o tronco cerebral de Lorenzo. Como se pudesse ver algo. Lorenzo se vira para olhar.

Do outro lado do cruzamento, um homem sai do que finge ser uma agência dos correios. As sobrancelhas de Lorenzo se franzem e ele inclina a cabeça. Ele não tem certeza do que está vendo. As coisas reunidas ao seu redor estão todas imóveis, porque elas têm certeza do que estão vendo.

É um cavaleiro.

Ele é totalmente incongruente com o ambiente. Como algo saído de um conto de fadas - vestido dos pés à cabeça em uma antiga armadura que brilha no falso sol do deserto. Uma capa vermelha rasgada e desbotada flutua ao vento enquanto ele caminha. Sobre um ombro, ele carrega uma enorme espada de duas mãos.

Os habitantes da cidade não se movem enquanto o cavaleiro se aproxima. Ele caminha até Lorenzo e ▓▓▓▓▓▓. O único som é o tinir de seus passos.

Em seguida, o silêncio. O cavaleiro permanece ali, um campeão de nada, as gravuras em suas placas contando as histórias de batalhas que nenhuma criatura viva pode lembrar.

▓▓▓▓▓▓ diz: "Você não é bem-vindo aqui."

Uma voz com sotaque qualquer responde de dentro do elmo: "Eu não me importo. Deixe-o ir."

"Não."

"Isso não é uma discussão. Liberte-o."

"Para quê? Ele já caiu. Ele é velho demais para se defender. A liberdade apenas atrasaria o inevitável. É menos cruel nos permitir nossa captura agora."

O braço direito do cavaleiro levanta a enorme espada e a aponta para o centro do peito de ▓▓▓▓▓▓, onde um coração estaria em um humano.

"Eu não vou repetir, Prefeito. Eu posso fazer isso quantas vezes quiser. Literalmente, não tenho nada melhor para fazer. Você pode tornar isso mais fácil e passar fome hoje. Eu não posso estar em todos os lugares ao mesmo tempo, e haverá outras presas. Ou, podemos repetir os eventos da lua anterior. Eu tenho todo o tempo do mundo, e todos os outros mundos também. Eu poderia simplesmente sentar aqui mesmo e fazer de vocês todos o meu novo projeto especial. Hum? Como isso seria recebido pelos seus eleitores?"

Uma pausa. ▓▓▓▓▓▓ olha do cavaleiro para Lorenzo e para a multidão reunida. Lorenzo está confuso, mas consegue perceber que ▓▓▓▓▓▓ agora está muito preocupado com suas chances. O velho mecânico conhece essa linguagem corporal, de alguém sendo encurralado. É perigoso. O que esse cara de renascente quer dizer com tudo isso? ▓▓▓▓▓▓ não machucaria ninguém.

▓▓▓▓▓▓ cospe: "Você está blefando. Você é idealista demais para ficar aqui e nos observar. Pense em todos os outros efêmeros sendo devorados agora mesmo. A culpa te mataria, cão de guarda. Você enferrujaria de tanto suar."

"Será mesmo?"

O cavaleiro levanta o braço e finca sua espada gigante no asfalto. Ela afunda como se a pedra derramada fosse pouco mais do que um bolo, ficando de pé. Em seguida, ele se ajoelha e senta no chão, com as costas apoiadas na lâmina como a subida de uma cadeira.

"Sua paciência contra a minha, então. Estou bastante certo de que você vai morrer de fome antes de mim. E ambos sabemos que provavelmente haverá um impeachment antes dessa sombria eventualidade."

▓▓▓▓▓▓ olha para seus companheiros. Lorenzo acha que não precisa ser um mestre político para sentir a mudança de sentimento no ar. Ele consegue ver uma gota de suor escorrendo pelo pescoço de ▓▓▓▓▓▓.

Algo na multidão rosna.

▓▓▓▓▓▓ rosnam: "Ah, tudo bem. Leve seu tributo pesado e vá embora de nós, ladrão."

O Prefeito segura Lorenzo pelo antebraço e o arremessa em direção ao cavaleiro.

No instante em que a mão da criatura deixa a pele de Lorenzo, o sol se apaga.

Os prédios são pedras antigas e arruinadas. O céu é um vazio escuro.

As pessoas são seres contorcidos, metade sombra, metade estática de televisão. Eles o observam partir.

Lorenzo não está em casa de forma alguma. Ele não faz ideia de onde está.

O cavaleiro se levanta para pegar Lorenzo e retira sua espada da rocha antiga no mesmo movimento. Ele segura o mecânico pelo braço e o conduz em direção a um grupo de pedras altas e lisas, mal visíveis na escuridão. A única luz vem de um ponto distante e insondável lá no alto, refletido por uma grande massa de água próxima.

Lorenzo não sabe por onde começar, então tenta tudo de uma vez. "Ijo de puta, quem é você? O que eram aquelas coisas? Onde estou?"

O cavaleiro responde em espanhol fluente, o que surpreende Lorenzo e o deixa extremamente grato nesse momento específico. "Predadores. Eles usam ilusões e encantamentos para baixar sua guarda e enfraquecer sua mente com nostalgia e paz antes de devorá-lo. Amaciam a alma."

"Mas o quê - como? Eu não sei onde estou."

"Eu sei. E não sou a pessoa certa para responder às suas perguntas. Eu vou levá-lo a alguém que pode."

Eles param do outro lado da formação rochosa, e o cavaleiro solta o braço de Lorenzo. Ele dá alguns passos à frente, segura sua lâmina brilhante com as duas mãos, gira uma vez e desfere um golpe selvagem que teria partido um homem ao meio, do quadril ao pescoço.

Sem nada mais para se infiltrar, o espaço cede em vez disso. Uma fenda brilhante e branca rasga o ar e permanece lá.

Lorenzo tenta acompanhar, mas só consegue ir até certo ponto. "O que é isso?"

O cavaleiro diz: "Atalho". Ele se vira e se aproxima muito de Lorenzo, como se olhasse diretamente nos olhos dele. Lorenzo não consegue ver nada através da viseira do cavaleiro. Só escuridão.

"Escute-me, Lorenzo. O que vou lhe dizer é de vital importância. Coisas muito, muito mais importantes do que sua vida dependem disso. Entende?"

Lorenzo apenas assente, assustado no brilho branco da fenda no ar.

"Quando você estiver lá dentro, não ouça nenhuma das vozes que você ouvir. Você as ouvirá. Talvez centenas delas. Cada uma delas estará mentindo para você. Ignore-as e continue caminhando, com os olhos para frente. Não permita que elas o distraiam e não pare de caminhar. Você verá símbolos no ar. Encontre este." O cavaleiro levanta uma mão. Acima de sua palma, surge um glifo branco brilhante, com a forma de um círculo com um sinal de mais de braços iguais, como uma mira. "Assim que encontrar, toque nele. Não toque em nenhum dos outros símbolos. É de extrema importância que você não toque em nenhum dos outros símbolos e que ignore as vozes. Você entende?"

Lorenzo consegue ouvir sons vindos do outro lado das rochas. Mas uma mão de aço pousa em seu ombro, e ele olha de volta para o cavaleiro.

"Você entende tudo o que eu lhe disse, Lorenzo?"

"Sim, mas -"

"Hm?"

"Mas eu quero voltar para casa, senhor."

O cavaleiro suspira. Lorenzo pode sentir a luva apertar seu ombro.

"Sim. Eu também."

O cavaleiro pega o homem adulto de 90 kg e o arremessa no portal como um saco de batatas.

Lorenzo nunca mais voltará para casa, mas irá para outros lugares. E no dia de sua morte, ele verá o cavaleiro novamente e o agradecerá por lhe dar a oportunidade de ver tantas coisas.

O que diferencia o Cavaleiro Vermelho de muitos dos monstros e fantasmas com os quais nos deparamos neste labirinto dimensional perturbado é o fato de que ele não tenta devorar o seu rosto assim que te vê. Nenhum de nós tem certeza de como ou por que, mas o Cavaleiro Vermelho parece aparecer exatamente quando alguém novo cai nos Backrooms. A teoria predominante é que ele tem algum tipo de percepção extrasensorial ou um sentido mágico que o permite encontrar pessoas, ou talvez ele esteja sintonizado com a magia ou peculiaridade física que resulta em ficarmos presos aqui em primeiro lugar. Mais sobre isso adiante.

É a mesma história, pessoa após pessoa, centenas de vezes agora. O pobre Billy cai nos Backrooms. Billy acaba no nível 8 ou 777 ou 200, ou algo assim, e algo realmente perturbador está prestes a acontecer com Billy, bem rápido. Todos nós encontramos esqueletos suficientes aqui dentro para saber como isso geralmente termina. Mas, às vezes, o Cavaleiro Vermelho encontra Billy antes que ele tenha suas entranhas espalhadas como uma bola de lã. E sorte para Billy! Porque o Cavaleiro Vermelho geralmente resgata os recém-chegados. Geralmente colocando-se entre o sobrevivente e o que quer que esteja tentando devorá-los e retalhando as criaturas em pedaços.

Às vezes, ele conversa com quem resgata, mas ele não é um grande conversador. De acordo com a maioria dos relatos, ele só passa tempo suficiente para dar instruções ao sobrevivente antes de jogá-los naquela coisa de portal que ele faz. Sim, não temos certeza de como exatamente o Cavaleiro Vermelho faz isso, mas ele pode usar sua espada para abrir um portal para outro nível dos Backrooms. Novamente, essa história é consistente em centenas de relatos. Você procura pelo círculo com a cruz de braços iguais. Você ignora as vozes e caminha através da luz sem parar. Uma vez que você encontra o símbolo e o toca, você é lançado em algum lugar perto de onde há outras pessoas. Geralmente, isso é um acampamento do M.E.G. de algum tipo, mas às vezes as pessoas simplesmente caem de uma fenda branca brilhante no ar na frente de uma força expedicionária. Assinado, selado e entregue em segurança.

Estamos presumindo que algo ruim acontece com aqueles que ignoram ou desconsideram suas instruções, porque não há ninguém por aqui que afirme ter feito isso.

Além disso, sabe-se que o Cavaleiro Vermelho aparece quando as pessoas estão em apuros. Novamente, não temos certeza de como ele consegue fazer isso. É ou algum tipo de coisa onisciente ou o universo tem algum senso de ironia dramática afinal. Você desce pelo corredor errado, se separa de sua equipe, sua arma emperra. Sua vida está em perigo ou você está andando em círculos no escuro. Prestes a se tornar o almoço de algo ou prestes a morrer uma morte agonizante por desidratação, bebendo seu próprio mijo por quatro dias até que seu corpo desista.

Então o Cavaleiro Vermelho sai de um rasgo no ar. E você encontra o caminho de volta para casa.

Todos nós queremos saber mais sobre ele, por que e como ele faz as coisas que faz. Ou pelo menos algum tipo de pista sobre quem ele é. Mas ele não é muito falante. Ele apenas nos manda seguir nosso caminho.

Biologia

Não temos certeza se ele possui alguma forma de biologia. Quero dizer, essas formas são meio destinadas a outros tipos de coisas, estou me virando com o que está disponível. Vou apenas falar sobre as coisas que ouvi dizer que ele pode fazer.

Uma coisa é certa, o Cavaleiro Vermelho é sobre-humano. Sem dúvidas. Já vimos esse cara enfrentar ameaças conhecidas e desconhecidas, em desvantagem numérica, e ainda sair vitorioso. Ele é forte o suficiente para levantar e lançar um homem adulto com um braço e balançar aquela espada gigante como um graveto, e tão rápido que alguns relataram que suas botas ficavam vermelhas e emitiam faíscas enquanto ele lutava. O velho Maurice disse que viu o Cavaleiro Vermelho ser atingido com as costas da mão em uma parede de pedra por um ogro. Ele bateu com tanta força que deixou uma impressão em forma de homem na pedra, mas conseguiu se soltar e continuar lutando.

Dito isso, não acreditamos que ele seja invencível. Existem algumas histórias sobre o Cavaleiro Vermelho se envolvendo em lutas que quase não lhe deixaram tempo para abrir seu portal e jogar o sobrevivente com as instruções corretas, e outras vezes em que ele ficou realmente machucado no final da luta. Mancando, segurando o braço quebrado, cheio de amassados e buracos de espinhos ou flechas ou qualquer coisa com a qual ele teve que lidar. No entanto, ele deve se recuperar bem rápido, porque nenhum desses danos parece ter sido permanente. O que parece é que o Cavaleiro Vermelho pode ser derrotado - é apenas que ninguém sobreviveria para contar o que viu. Aqueles locais que encontramos em algumas zonas, com cortes de espada e sinais de luta? Mas ninguém consegue se lembrar de ter estado lá antes? Sim, você provavelmente está pensando no que estamos pensando. Ao contrário de nós, o Cavaleiro Vermelho pode ter algum tipo de… cláusula de escape ou imortalidade ou algo assim, porque se ele já foi derrotado no passado, ele sempre voltou.

Uma memória arrancada de SHALTOKOL, Herdeiro da Ferrugem

O cavaleiro se apoia em sua longa espada, ofegante. Ele está cercado pelos corpos de coisas profanas deitadas sobre a terra queimada. O céu vermelho visceral ferve acima deles, descontente. Todos estão divididos - mortos em batalha, seu inimigo odiado provado igual à sua fúria.

Há marcas e perfurações em sua armadura. Delas, um fluido sagrado vaza. Indescritível em sua tonalidade, exquisito em sabor para aqueles que encontram prazer no sofrimento. O fluido é tempo, deixando o cavaleiro até que a grande corrente se volte novamente. O fluido é prova de que ele cumpriu seu propósito.

O cavaleiro faz um punho, gotas caindo de seus nós dos dedos para chiar no solo vulcânico. Ele precisa recuperar o fôlego. Essa necessidade é nova para ele.

Diante dele se desdobra SHALTOKOL, um barão do Alldark, comandante de dez centenas de milhares de presas, ele da Sombra Mutante, conhecido em todos os lugares como o Assassino da Luz. O príncipe se derrama da entrada como uma névoa de asas e poeira, amorfo e terrível, e aponta para o pequeno cavaleiro.

"Você."

O cavaleiro ergue a cabeça para contemplar a miséria de cem mundos e responde a ela.

"Eu. Olá novamente, SHALTOKOL."

"Quantas estrelas dançaram no tempo desde nosso último encontro, Ó Salvador de Ferro, Ó Defensor Carmesim? Quantos mundos floresceram e murcharam?"

O cavaleiro começa a contar em seus dedos por um breve momento, mas parece pensar melhor. "Bastantes, eu diria."

“Tive a impressão de que você havia morrido.”

A grande espada range em sua cavidade de pedra. O guerreiro ajusta sua postura para que a guarda repouse firmemente em sua axila, como uma muleta muito necessária. "Você está correto. Mas parece ser um passatempo para o qual sou mal adequado."

O demônio supremo flutua indiferente na brisa de enxofre. "Então vejo. Também vejo que, durante sua visita aqui, você abateu um número considerável de minha coorte."

Uma asa sem luz se agita sobre o campo de corpos abomináveis que cercam o lutador exausto, que observa a destruição que causou.

"Também é verdade, senhor."

"… Posso perguntar por quê."

"Infelizmente, eles insistiram em capturar uma pessoa sob minha proteção."

"Uma pessoa."

"Sim. Tentei a diplomacia, mas devo observar que seus subordinados são absolutamente obstinados na busca de seus objetivos. Uma característica que considero muito admirável. Como você deve se lembrar."

"Oh, saiba que é verdade, Campeão mais nobre - eu não esqueci nada. Nada mesmo. Permita que seu anfitrião faça esta pergunta: Qual era a natureza dessa pessoa sob sua proteção?"

O cavaleiro suspira. "Uma humana. Uma alma perdida, caída entre as rachaduras das pedras cósmicas. Ela teve a infeliz sorte de cair aqui, em sua… casa mais considerável. Seus servos se aproximaram para cuidar dela de maneira costumeira. E, como você sabe, fui compelido a intervir."

Há um silêncio rumorejante.

"Ah." SHALTOKOL se ajoelha. Uma cascata de escuridão ardente quebra sobre os ombros do cavaleiro e inunda a terra ao seu redor. O céu desaparece - apenas o príncipe permanece, e ele fala com a voz da ruína. "Então, esta é sua nova ocupação. O grande guardião do firmamento, que abateu o Inimigo da Criação e antecipou a Era Estagnada, agora passa sua aposentadoria arrancando minhocas da terra."

"… Sim, suponho que seja uma maneira de colocar. Todos nós fazemos o que podemos, afinal."

"Mm. Para algo ainda capaz de massacrar meus escravos com indiferença, parece que você pode fazer muito pouco. As coisas mudaram tanto em nosso tempo separados."

"De fato. Muito aconteceu."

"Eu gostaria que um contratempo tão irritante pudesse ter sido infligido a mim em nome de algo impressionante ou respeitável, em vez do bem-estar de um único macaco."

"Todos temos nossos desejos, senhor. Eles nos moldam."

A sombra ao redor do cavaleiro ferve. O chão começa a corroer e liquefazer, voltando a um estado mais caótico sob a fúria do príncipe.

"Parece que você deseja o esquecimento, migalha do cosmos. É evidente que você uiva pela escuridão. Caso contrário, por que teria cometido tal ultraje contra mim? SHALTOKOL, Forjador da Esperança, Sombra das Sombras? Que vergonha isso é. Que lamento putrescente está diante de mim. Houve um tempo em que você era nosso único medo. O único verdadeiro oponente, capaz de nos dar uma pausa incomum."

O cavaleiro acena em agradecimento, sua espada afundando lentamente na terra derretida. "A modéstia me impede de me elogiar. Embora você esteja correto - eu matei seus pais."

O terror do Alldark se inflama, e o cavaleiro se ergue instavelmente no olho de um furacão de ácido escuro. A tempestade irrompe, sacudindo os ossos de seu domínio e clamando por fúria.

"ENTÃO VOCÊ O FEZ. Você abateu o maior de nós. Você agiu conforme seus tiranos criadores ordenaram e nos lançou na Aniquilação. Você era o Protetor. O primeiro dos cavaleiros. O Grande Campeão, cuja espada corta o caos, cujo escudo estremece a morte. E agora você é um fragmento. Um estilhaço, um anel de cota de malha quebrado. Meu pai te atingiu com seu último ato e te reduziu a um dedo de um braço de um corpo que morreu éons atrás. Uma vez, você era celestial. Agora você é passado."

SHALTOKOL exala seu ódio, e seu reino treme. A escuridão está ascendente.

"ENTÃO QUAL É A SUA ORDEM, IMPERADOR? QUE COMANDO VOCÊ PODE PRESUMIR? COMO DEVO TE SERVIR, CADÁVER DA GLÓRIA?"

No centro do inferno, em meio à rajada de presas, o cavaleiro ergue sua espada cansada do escória e afasta o fluido. Ele não pode mais ser uma muleta - o tempo de descanso passou.

Assim como muitas outras coisas.

O Cavaleiro Vermelho, que é uma impressão desbotada do que já foi, que não comanda nada, dá sua ordem.

"Defenda-se."

E sua batalha continua.

Descobertas

É quase irônico escrever algo sobre como nós "descobrimos" o Cavaleiro Vermelho. Eu não acho que tenha sido assim que aconteceu, tenho quase certeza de que foi ele quem nos descobriu. Pense nisso. Você cai nos Backrooms aleatoriamente. Você pode acabar em qualquer lugar. Todos nós já ouvimos as histórias, há quase tantos pontos de entrada quanto pessoas. Como uma sociedade humana até mesmo surgiu em um lugar como este? Há apenas, o quê, algumas centenas de nós? Talvez mil no máximo? Como diabos conseguimos qualquer tipo de organização?

Bem, tenho uma teoria. Acho que o Cavaleiro Vermelho foi quem fez isso. Não sei se ele fez isso de propósito, mas todos sabemos que ele tende a nos deixar perto de outras pessoas. E acho que isso foi planejado. Acho que o fato de termos um enclave humano no meio de toda essa merda é por causa dele. Acho que ele quer que fiquemos juntos. Porque ele sabe melhor do que qualquer outra pessoa que este lugar não foi feito para nós. E não temos a menor chance sozinhos.

Ele pode não estar sempre por perto, e nem sempre podemos encontrá-lo, mas ele é a coisa mais próxima de um Deus que este lugar tem, e acho que devemos agradecer às estrelas por ele estar lá. Onde diabos estaríamos agora se ele não estivesse?

Uma memória dada pelo Arquivista Langermann

O cavaleiro retira sua espada da caixa torácica do último lobo distorcido. Ela fica presa ocasionalmente na caixa torácica do animal, então ele precisa tentar algumas vezes. Esta é a décima milionésima vez que o cavaleiro retira sua arma de algo que ele matou, e ele sabe disso. Esse fato faz parte dele. Mas ele não o anuncia, porque não vê isso como motivo de celebração.

Emilie está tentando não fazer xixi nas calças. Até agora, ela está conseguindo, o que a surpreende agradavelmente. Ela nunca foi atacada por tantas coisas ao mesmo tempo. As pessoas com autoridade aqui insistiram para que ninguém se afaste muito dos limites do assentamento, mas Emilie nunca foi do tipo que segue as regras. Um comerciante exploratório itinerante chegou com alguns rolos de filme de algum nível ou outro, e sua câmera anseia por novas imagens. Ela não pôde deixar de se afastar.

E quase custou sua vida.

Enquanto o cavaleiro sacode o sangue sombrio em espiral de sua espada longa, Emilie consegue articular algumas palavras, agora que não está mais sendo atacada por lobos que ignoram a física.

"Q-quem é você?"

O homem armado, aparentemente ainda insatisfeito, tenta limpar sua espada na pele de um dos lobos mortos, mas ela continua aparecendo e desaparecendo.

Ele responde: "Você está machucada?"

Ela coloca a mão no peito e solta um suspiro aliviado. "Não. Por algum motivo. Essas coisas realmente aparecem do nada, não é?"

O cavaleiro vira-se para encará-la, apoiando a espada no ombro. "Sim. Literalmente. É extremamente perigoso se afastar tanto do posto avançado. Sobreviver em uma floresta já é difícil o suficiente sem lidar com lobos teleportadores. Você deve ser estúpida, porque existem maneiras muito mais fáceis de se suicidar do que isso."

Emilie leva um momento para descobrir como responder a isso.

"Eu sei que foi estúpido. Eu só… me empolguei um pouco. Este lugar é tão bonito. Quando percebi o quão longe fui, já era tarde demais. Mas consegui ótimas fotos! Heh!"

Ela levanta a câmera e ri meio que sem vontade. O cavaleiro não parece impressionado.

Ela continua: "Você é… espere, já ouvi falar de você. Meu Deus. Você é o Cavaleiro Vermelho. Caramba. Eu nem achava que você era real, achava que era algum tipo de conto de fadas ou história inventada pelos mais velhos. Para nos convencer de que não estamos completamente ferrados, ou algo assim. Mas Jesus Cristo, você é realmente real."

Ele passa por ela, os sabatões fazendo um leve tilintar na terra macia da floresta. "Tão real quanto margaridas. Siga-me. Vou te mostrar o caminho de volta para a cidade."

Ela corre atrás dele, ainda em estado de choque. Os dois caminham pelas árvores, que estão tão silenciosas e tranquilas como costumam ser. Ela não pode deixar de notar que as folhas que caem são quase da mesma cor da capa do cavaleiro.

"Então… tenho certeza de que você sabe que preciso fazer algumas perguntas."

Ele suspira. "Sim. Eu me preparei para essa eventualidade."

"… Você vai respondê-las?"

"Não tenho nada a esconder. Você tem até chegarmos ao acampamento para fazer quantas perguntas puder. Receio que eu não ficarei."

"Por quê?"

"Trabalho a fazer."

"… Que trabalho?"

"Você deve se lembrar de como eu te salvei dos lobos há alguns momentos. Esse é o tipo de trabalho."

"… Certo. A coisa de salvar pessoas. Conheci algumas pessoas que dizem ter te conhecido."

"Eles provavelmente conheceram."

"Você pode fazer tipo… mágica, né? Teleportar e coisas assim? Eu já sei que você tem, uh, você tem superpoderes, basicamente."

O cavaleiro levanta uma manopla, e faíscas brancas brilhantes piscam ao seu redor por um momento. "Eu não chamaria isso de mágica, exatamente. Não tenho certeza se a magia existe. Apenas contorno um pouco as regras."

"Certo. Então, sinto que tenho que fazer a pergunta que todos querem fazer para você. Meu Deus, eles vão ficar tão com inveja. Uh… por quê. Por que, com o negócio de salvar pessoas e tudo mais? Não estou questionando o presente, nenhum de nós está, é só que você não é exatamente a experiência padrão dos Backrooms."

"… Backrooms."

"Sim. É, uh, nossa palavra para… tudo isso, eu acho."

O cavaleiro olha ao redor para a floresta que os cerca. "Mais do que apenas uma série de salas, não é?"

"Sim, é meio isso. O nome só pegou, acredito. É esperto, sabe, como você evita perguntas assim. Mas não desta vez, amigão. Qual é o acordo? Vamos lá. Eu sou confiável."

"Eu salvo pessoas porque é o que fui criado para fazer. É, literalmente, meu propósito de vida. Eu entendo que pode parecer clichê, mas há partes do universo onde coisas assim são mais do que apenas palavras. Você mesma pode sentir que tem algum tipo de papel que a mantém avançando. Uma obrigação. Isso é o meu."

Emilie olha para sua câmera. "Bem… eu sou fotógrafa. Mas não diria que faço isso por um senso de obrigação, é uma paixão. Eu faço porque quero, não porque tenho que fazer."

"Então, suponho que haja uma distinção."

"Então você não quer salvar pessoas?"

O cavaleiro deixa um breve silêncio pairar. "Não é tão simples assim."

"Nunca é. Mas acredito que as pessoas devem fazer o que o coração diz, não o que outras pessoas dizem. Você deve fazer o que te faz feliz. As pessoas não são feitas com… diretrizes, como robôs ou algo assim."

"Robô?"

"Sim, como uma máquina que tem apenas uma função e a executa automaticamente. Sem consciência ou autonomia."

"Hm. Bem, Emilie, então talvez eu simplesmente não seja uma pessoa. Talvez eu seja um desses robôs."

Emilie se espanta. "Sim, eu acho? Mas você realmente não me parece assim."

"Não?"

"Não. Você parece bem vivo. E tem uma personalidade. Mais ou menos."

"Então essas máquinas são definidas pela falta de personalidade."

"Basicamente. Elas não são pessoas, são apenas máquinas feitas para se assemelharem a pessoas e fazerem os trabalhos que as pessoas não querem fazer."

"… Vou ser honesto com você, isso realmente se parece comigo. Fui criado com um propósito. Para fazer algo que os outros não podiam fazer. E quando cumpri esse propósito… não restava mais nada. E nessa ausência, eu continuo fazendo o que sempre fiz. Repetidamente."

"Parece… partes disso soam muito como… ela. Você conhece o Anjo Azul?"

"Não. Eu não acredito nisso."

"Outra lenda urbana, tipo você. Ela aparece para pessoas que estão perdendo o rumo e as tira do estado em que se encontram. Mas não literalmente como você faz, é mais uma coisa mental. Talvez eu não esteja descrevendo muito bem, nunca a vi. Mas conheço algumas pessoas que viram, elas estavam lutando contra… tipo depressão, sabe? Pensando em dar o último nó, se você me entende. Mas o Anjo Azul apareceu e… as tirou dessa situação. Sempre imaginei que vocês tivessem alguma conexão. Até tem essa coisa de cores opostas."

O cavaleiro tem certeza de que sabe do que ela está falando. Mas ele não diz. Ele evita pensar em sua irmã - ele não foi criado com as habilidades certas para fazer algo por ela. Sua força era além do que ele poderia quebrar, e ela sempre resistiu a ele.

Ele se pergunta como a morte dela a mudou, assim como a dele mudou.

"Não. Não me lembra de nada. Mas este lugar está cheio de coisas estranhas, não posso fingir ter visto todas elas."

Emilie pula por cima de uma grande raiz e se aproxima do cavaleiro diretamente.

"Okay. Vamos fazer um teste."

"Um teste."

"Sim. Para determinar se você é um robô. Tipo aquele episódio do Bob Esponja. Primeiro as coisas básicas - você consegue sentir amor?"

"Sim, eu consigo."

Uma expressão um tanto decepcionada aparece no rosto de Emilie, e eles continuam andando. "Foi mais rápido do que eu pensava que seria. Bem! Ah, robôs não conseguem sentir amor ou qualquer outra coisa, então. Boa notícia, amigo. Você não é um robô."

"Hm."

"… Mas só para deixar bem claro, podemos continuar. O que você se importa? Robôs não se importam com nada, eles apenas fazem seu trabalho e seguem ordens."

"… Não tenho certeza. Acho que nunca precisei colocar isso em palavras. Ninguém nunca me perguntou. Pelo menos, ninguém que estivesse realmente interessado."

"Bem, eu estou interessada. Pense sobre isso. Do que você gosta? O que te faz feliz? Quais são as coisas que te motivam? Com o que você se importa de verdade?"

O cavaleiro fica em silêncio por um longo momento antes de dar sua resposta.

"Eu me importo com… as coisas progredindo. Gosto quando as coisas lutam, mas continuam vivas e vencem aquilo que tenta matá-las. Gosto quando as coisas duram. Fico feliz ao ver as coisas mudarem para melhor e não caírem na estagnação. Aquela miséria do círculo plano onde nada é diferente e tudo apenas se decai em si mesmo. O pântano do ser. Eu… gosto quando as coisas não são assim. Gosto quando uma flor floresce. Gosto quando predadores são derrotados por suas presas. Quando o novo corta as correntes do velho, quando o passado é fundido no futuro. Me importo com… esperança. Porque as luzes se apagam se não forem cuidadas, e a morte reinará se ninguém se opuser a ela. Mesmo que sejam pequenos."

Há outro silêncio, mais pesado. O cavaleiro acrescenta: "… Desculpe. Isso foi talvez um pouco inapropriado. Eu penso nesse tipo de coisa muito e… bem. Como eu disse, ninguém nunca perguntou."

Ele olha para trás e vê que Emilie parou de andar. Há uma expressão em seu rosto que o cavaleiro não consegue entender.

Ela dá um passo à frente e o abraça, mesmo que ele seja frio e metálico.

Então ela o solta e acena para a frente. Ao longe, estão as luzes do fogo de sua casa.

Ela funga. "Você… você não é um robô. Nem perto disso."

Ela levanta sua câmera e imortaliza o instante de realização para sempre.

A garota e o ser primordial seguem caminhos separados, mas não pela última vez, para a surpresa eventual do cavaleiro. Embora ele não estivesse ciente disso naquele momento, ela lhe deu muito para refletir. E ele fica feliz em revê-la, para contar o que ela o ajudou a aprender.

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Autor(es)

Página escrita por CadaverCommander
Tradução feita por Yoz_Sun